A mancha - sonhos - 4/8



Uma noite, Luís ouviu a mulher falar em voz alta durante o sono. Pronunciara o nome de alguém, tinha quase a certeza, mas não foi capaz de distingui-lo claramente. A partir desse dia, o seu sono tornou-se leve como uma pena. Quando se deitava e fazia amor com a mulher procurava esgotá-la, para que esta se sentisse cansada e dormisse profundamente, esquecida de si – acreditava que assim talvez voltasse a pronunciar aquele nome. Ele pelo contrário, dormitava apenas, atento à sua respiração e ao mínimo som que ela produzia. 

Assim se passaram várias noites insones, em que os seus sonhos se pareciam misturar com os pensamentos, ao ponto de não os conseguir distinguir. Por fim, Arminda repetiu novamente o nome: Henrique, Henrique, Henrique.

Não poderia censurar nenhum dos dois, pois nada de errado haviam feito. Primeiro, sentiu-se apenas triste. Depois os ciúmes. A cada noite renovados.


– Dormiste bem, hoje?

– Sim. Perfeitamente – e inclinou-se por cima da mesa para lhe dar um beijo, não correspondido. – O que foi?

– Nada. O teu sono foi agitado. Só isso. Estava preocupado – sorriu e devolveu-lhe o beijo na cara. – Tenho que ir. Já estou atrasado.

– Estás com um ar cansado, Luís. Não venhas tarde…


Nessa tarde, depois do trabalho, procurou Henrique.



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