MATADOURO CINCO, KURT VONNEGUT (Tradução Miguel Cardoso)

 


A vida é uma tragédia. Por vezes, particularmente sórdida e abjecta. A guerra, e neste caso o bombardeamento de Dresden, durante a segunda guerra mundial, que Kurt Vonnegut presenciou enquanto prisioneiro de guerra norte-americano, iludiu-o ao longo de cerca de 20 anos e múltiplos rascunhos deitados ao lixo. Nada do que se pudesse escrever faria justiça ao horror que fora praticado -- um objecto demasiado brilhante para que pudesse ser olhado de frente.

De facto, a vida não é uma tragédia, mas mais exatamente uma tragicomédia. Só através do humor é possível sobreviver. E foi dessa forma, com uma história absolutamente delirante e cheia de humor, que Kurt falou sobre a guerra. Rematando cada morte ou atrocidade, com um: "É a vida". O romance antibélico, que troça da própria inevitabilidade da guerra.

No bombardeamento de Dresden, na fase final da segunda guerra mundial, morreram 135.000 pessoas, maioritariamente civis, muitos deles refugiados acossados pelo exército vermelho. A cidade, uma das mais belas da europa central, fora até esse momento poupada por não ter qualquer interesse militar. Um bombardeamento massivo, com bombas de impacto e bombas incendiárias, arrasou completamente a cidade. Muitos dos habitantes morreram nas caves dos edifícios, onde se haviam abrigado. Por comparação, em Hiroxima, onde foi lançada a primeira bomba atómica, morreram cerca de 70.000 pessoas. É a vida.

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