FOTOGRAFIAS
Olhos fixos. As fotografias dos mortos são assustadoras. Olhando-as em silêncio, somos surpreendidos pela sua respiração; os sorrisos quase parecem sair do papel, transformando-se em gargalhadas. Aquelas pessoas já não existem: foram devastadas, engolidas pela voragem, e é isso que as torna assustadoras. Vislumbramos a morte, a nossa própria morte, pelo canto do olho; somos, por momentos, apanhados com a guarda em baixo. Respiramos fundo e sacudimos a cabeça (mesmo sem a mexer); pousamos as fotos (têm peso, muito peso) em cima da secretária, puxamos de um cigarro e metemos conversa com o colega de trabalho.
As fotografias de pessoas assassinadas, aquelas que sofreram uma morte violenta, são ainda mais assustadoras do que as outras.
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