A ERRADICAÇÃO DO MAL
Erradicámos o mal. A doce canção dos decapitados ecoa ainda nas
paredes da prisão deserta. O último preso foi executado. Restam apenas os guardas.
Não há ninguém para cantar. Talvez seja o vento
a assobiar por entre as grades aquilo que oiço. As canecas de alumínio rolam
pelo chão irregular, dando a ilusão de vozes humanas. Ou talvez sejam a vozes dos guardas, que distraidamente as rememoram.
Apenas o mal pode eliminar o mal. Cordeiros mansos não comem
lobos. Por isso, fomos convocados.
Resta-nos agora uma dose letal. Cada um, no silêncio do seu
catre, deverá esta noite engoli-la. Foi esse o nosso juramento. Quem o cumprirá?
Será bom aquele que permite a continuação do mal? Será mau aquele
que o interrompe?
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