AMOR
O amor não é diferente de todas as outras coisas. O amor não é especial. O amor não é esotérico, sobrenatural ou divino. O amor nem sequer é a melhor coisa que existe. Não é aquilo que há de ser, aquilo que um dia encontrarás, aquilo que bem verás quando um dia te bater à porta. O amor está em todo o lado, a todo o momento, e tens de ter cuidado para que não te apanhe de sobressalto. De facto, o mais impressionante, é que esteja por todo o lado. Mas não surge do nada. Temos simplesmente a tendência para amar outras pessoas, pelo que surge naturalmente. É um processo químico, como o que leva as plantas a produzir oxigénio, e que, em larga escala, tanto pode dar origem a uma atmosfera propícia à vida, como justificar a existência de toda a literatura mundial.
Da próxima vez que te apaixonares, compreende que isso é inevitável. Da mesma forma, quando pressentires que o amor termina, deves ter em mente que para respirar é preciso inspirar e expirar.
Não sei se o amor será mais ou menos comum do que o ódio, do qual aliás não é muito diferente. Mas é certo que as pessoas não são só amor ou só ódio, são amor e ódio. Há quem mate por amor; há quem se mate por amor; e há quem não seja capaz de amar – não podemos, porém, esperar que as coisas funcionem sempre bem – isso seria uma esperança totalmente infundada. O impulso que nos leva a odiar alguém não é, na essência, muito diferente do que o que nos leva a amar. Tem, portanto, cuidado. Vigia os teus ciúmes. Deves compreender que o amor do outro não é teu – a posse e conquista pertencem ao vocabulário do ódio. Embora te seja oferecido, apenas ao amor que já passou podes chamar teu.
Mas agora peço-te e isto é o mais importante: esquece tudo o que te disse.
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