MEDO

 


O medo é o princípio de todo o entendimento
Deves, por exemplo, ter medo do amor
Não lhe dar o flanco, olhá-lo sempre de frente
Como quem vigia um animal selvagem
Não se pode confiar num animal selvagem
Não se pode domesticar uma fera
Se te vem cheirar as pernas, não fiques contente
Não lhe faças festas. É um truque
À mínima generosidade arranca-te um braço
O medo permite entender tudo isto
Sabes que te vai morder. Mas não hesitas
Metes-lhe a mão pela goela abaixo
E bloqueias-lhe as mandíbulas
Entendes que não podias fazer outra coisa
Assim que folgares a mão
Ferra-te os dentes. Tinhas apenas um medo:
Chegar imaculado ao fim da vida

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