O JOGO
Toda a gente tinha bebido muito. Bill tinha uma coleção de armas.
Depois de almoço, saíram para o quintal a começaram disparar. Primeiro contra as latas, depois ao boné do Artur, e ainda sobre o pobre do gato, que se escapuliu a toda a velocidade. Amanda, a mulher de Bill, tinha um bebé de colo. Fumava cigarro atrás de cigarro e também estava bêbada.
Bill tinha uma excelente pontaria. A dez metros de distância, sem preparação, fazia saltar as caricas das garrafas de cerveja.
O vizinho de Bill, o Sr. Herman, apareceu à janela, protestando com o barulho do tiroteio. Bill respondeu de forma respeitosa:
– Com certeza Sr. Herman. Esteja descansado.
Mas assim que o Sr. Herman virou costas, espetou um tiro no catavento de latão que ficou a rodopiar. O velho soltou uma imprecaução.
– Agora vai chamar a bófia.
– Não, nada disso. O velho é fixe.
Começaram a jogar às cartas a dinheiro. Bill estava mais bêbado do que os restantes e perdeu bastante. Começou a ficar chateado.
– Estás a fazer batota, meu cabrão!
– É feio levantar falsos testemunhos, Bill. Sobretudo contra os teus amigos. Feres-me o coração Bill, a sério que feres – disse o André com um sorriso trocista, enquanto recolhia o dinheiro.
– Tudo ou nada, meu menino!
– Na, por mim chega irmão. Vou fumar um charro e bazar.
– Não se sai do jogo a ganhar dessa maneira meu menino. Vamos jogar o meu jogo.
– Qual jogo?
– Com as minhas meninas – e apanhou dois revolveres de cima da mesa, colocando-os junto ao nariz.
– Acerto em qualquer coisa.
– Bill, Bill, Bill…
Bill pegou em mais uma cerveja e emborcou-a de uma vez. Amanda conversava com as outras mulheres, com o bebé numa mão e o cigarro na outra.
– Amanda, Amanda – chamou. – Vamos mostrar a este menino o nosso número.
– Qual número? Deixa-te de coisas Bill, estás bêbado – disse-lhe Artur, com o boné furado sobre a cabeça.
– Até bêbado atiro melhor que tu, meu amigo. Melhor que qualquer um de vocês. Aqui não há batota. Aqui não há erros.
Pegou numa maçã que estava em cima da mesa e atirou-a à mulher que a apanhou no ar com a sua mão esquerda.
– Bill, não. Para com isso! – disse Artur.
Amanda olhou fixamente para ele e passou o bebé a uma das amigas.
– Confiança total, querida. Como sempre… Alinhas?
– Eu pago para ver – disse o André enquanto enrolava um charro. – Todo o teu dinheiro de volta.
Amanda colocou-se junto à cerca e colocou a maçã em cima da cabeça. Olhava fixamente para Bill, sem sequer pestanejar.
Bill virou-se primeiro para os amigos. Depois deu rapidamente meia volta e disparou um único tiro que ecoou por todo o vale.
O tiro acertou em cheio na testa de Amanda, que foi imediatamente projetada para trás como um trapo. Todos olharam, por um momento extáticos, para o seu corpo inanimado e depois as mulheres começaram a gritar.
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