TODA A BELEZA E A CARNIFICINA, LAURA POITRAS

 



A honestidade, a exposição despudorada, roçando a brutalidade, de uma vida marginal, toma-nos pelos colarinhos. A margem é frequentemente o único sítio para onde nadar, o único sítio eticamente aceitável num charco fétido. A verdade acerca desse lugar morno e calmo onde chapinhamos e daquilo que o sustenta é difícil. As fotografias de Nan Goldin são honestas, humanas, muitas vezes um retrato de sua própria autodestruição, e se nos parecem chocantes é apenas porque nos deixamos impressionar pelas razões erradas.
Sobre uma das fotografias mais impressionantes, incluída no trabalho “Ballad of sexual dependency”, um autorretrato com os olhos negros, depois de ter sido sovada pelo namorado, diz apenas: ‘olhar para essas fotografias foi o que me impediu de voltar para ele’.
O seu ativismo político na ‘epidemia de opioides’, mas também o que fez pela visibilidade e direitos da cultura LGBT, e durante crise de HIV é de uma retidão e persistência notáveis.
O documentário é excelente.


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