PENELOPE
Como uma lesma branca e gordurosa
Fumo cigarros invertebrados
Deitado sobre uma almofada de erva viscosa
Rastejando sobre o imenso estômago
Sob olheiras de nicotina e ameixa
Exalando odores a corrupção
Humedeço as folhas dos livros com saliva
( tenho sempre uma enorme pilha a meu lado )
Amarrotando-as na boca onde me cresceu
Um dente inusitadamente amarelo
E regurgito-as sobre a barriga
Onde formam uma rede de pesca
Entrelaçada com caracteres hieroglíficos
Cheiram a azedo como erva cortada
E as moscas não lhes conseguem resistir
Faço e desfaço o sudário
Não por lealdade, como Penélope
Mas apenas para enganar a hora
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