NÃO PERCEBO NADA DE MODA

Não percebo nada de moda
Mas as camisolas de lã picam no pescoço
E o galo veste todos os dias uma fatiota impecável.
Não percebo nada de moda
Mas os buquês de noiva estão aprazados 
E os laços ameaçam levantar voo a qualquer momento.
Não percebo nada de moda
Mas as camisas verdes são um erro
As paredes amarelas propagam o enjoo
E os canários não têm catarro.
Não percebo nada de moda
Mas essa camisola não te faz feia
O teu cabelo incendeia-se 
E eu tenho a boca seca.
Não percebo nada de moda
Mas o limiar onde a onda toca o céu faz-me gritar
O rumor das árvores assemelha-se à queda do Império Romano
E a noite não mente aos gatos.