CASTELOS PERIGOSOS, LOUIS-FERDINAND CÉLINE (Tradução: Clara Alvarez)
Céline é um génio: contra todas as regras de bom senso, desenvolve, num estilo febril, ácido, irónico, alucinado, uma narrativa que, miraculosamente, resulta – uma torrente sonora sincopada, como um monólogo que se prolonga por horas e horas. Crónica (parcialmente ficcionada) do final da segunda guerra, no exílio em Sigmaringen, com os membros do governo de Vichy, miserável e insano, por vezes amargurado, mas sobretudo sarcástico, com as contingências de um pós-guerra. Céline é capaz do mais feroz ódio e da máxima ternura. Nenhum outro escritor me impressionou tanto na sua compreensão da guerra.
Entra-se em cada livro de Céline com quem pisa um novo continente. Com um uso bastante parcimonioso do simples ponto final, optando pela constante exclamação, as reticências, interrogação retórica, a constante digressão, estrutura, estilo e linguagem formam uma torrente furiosa que arrasta todos os destroços e o próprio leitor.
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