POR SORTE
Há dias que não valem um poema
Dias que são indignos de um poema
Dias tão maus, que envergonham o utilizador
Dias que uma só noite não chega para redimir
De novo transportado para a vida
Lamentando em verso
As tristes canções diurnas
Faço pois medíocre poesia
Em busca da própria cauda
Como um rafeiro
Rodeando a vida pela circunferência da noite
Procurando uma tangente que não aproxima
Corremos o risco de nunca encontrar
De nunca chegar
A inclinação da reta é de difícil cálculo
O ponto de contacto infinitesimal
Por sorte, a noite não tem fim
Resta-nos essa esperança
À noite as linhas não são retas
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