UMA FAMÍLIA EM BRUXELAS, CHANTAL AKERMAN (Tradução de Cristina Fernandes)
Muitas vezes chegamos a um autor através de outro. Podemos olhar para esse tipo de genealogia como uma mera curiosidade, um daqueles parêntesis com que se adorna uma história mais gorda, para atiçar a atenção do ouvinte, engrenando uma outra velocidade. Mas talvez este parentesco denuncie uma perspetiva. Virar as cartas e mostrar a mão, esvaziar os bolsos em cima da mesa, pode pelo menos servir para, fazendo ligações, urdir uma compreensão que, não sendo exata, explica onde e por onde chegámos. Há pouco menos de um ano, enquanto relia a ‘Campânula de Vidro’ de Sylvia Plath enredei-me numa série de artigos académicos sobre o tema. Um deles relacionava a obra de Sylvia Plath e Chantal Akerman. Na altura não dei muita atenção à secção que referia a Chantal, que não conhecia, mas ainda assim, fiquei curioso pela correlação. Meses depois, comprei ‘Uma família em Bruxelas’ de Chantal Akerman e, também um outro livro que procurava há já algum tempo: ‘Esculpir o tempo’ de Andrei Tarkovsky, um ...