PAÍS RATO, JORGE ROQUE
Em vez de país rato, creio que poderíamos dizer mundo rato. Não se trata afinal de um exclusivo nosso. Na aldeia, e tudo isto é uma aldeia, a verdade têm fraca aerodinâmica para a sobrevivência. Na aldeia, a verdade só é tolerada aos tolos e aos loucos – aos outros, resta o exílio, ou conformar-se à ratice. Temos o rato gordo e guloso, e o rato olheirento e mesquinho. Estes últimos, guarda de honra dos ratos anafados. Dentro deste mal geral, os portugueses são particularmente ratos, roem tudo. E este pessimismo, constitui afinal alguma esperança – embora esta não seja a opinião do autor – pois se somos particularmente maus, é ainda possível melhorar. Se é doença congénita, talvez cruzando com outra raça se dilua o engulho genético ou cultural. Se o problema é de natureza geográfica, talvez mude em breve, o progresso chega a todo o lado.
Quanto à
escrita, é impecável: cuidada e inteligente, embora, por isso mesmo, conducente
a um necessário pessimismo.
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