A OBSCENA SENHORA D. E OUTRAS HISTÓRIAS, HILDA HILST

 


Correndo o risco (à partida negligível) de parecer pouco intelectual, diria que melhor d’A Obscena Senhora D. e outras histórias, são as outras histórias. Depois de um arranque difícil com a Senhora D – que se assemelha a um cataclismo metafisico num vão de escada, um delírio difícil de seguir, pois a autora muda constantemente de faixa sem fazer pisca – as coisas melhoram significativamente (para mim). A segunda história (Com os meus olhos de cão) é já de uma metafisica irónica, em que um matemático atormentado deseja transformar-se num cão, e tem um amigo que vive maritalmente com uma porca. E depois disso vem a chamada trilogia obscena, composta pelo ‘O Caderno Rosa de Lori Lamby’, ‘Contos d’Escárnio’ e ‘Cartas de um Sedutor’, que é absolutamente hilariante e também brilhante. O Caderno Rosa é especialmente delicioso. Com um sentido de humor escabroso, com ritmo e musicalidade, cavalga o deboche total, a bandalheira (ou bananeira) caricatural, misturada com referências eruditas ou literatas, num gozo completo. 

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