TERAPIA
Pesam-me as
pestanas:
Mil anos de
tédios e poeiras
Formam
mudas cariátides
Sustentando
um colapso anunciado.
Adormecem-me
os lábios
Numa
modorra laboratorial
De quem
tudo poderia ter dito:
Mil anos de
dormências e paralisias.
A língua
toca o céu da boca
Por
displicência e disfarçada agonia
Branca,
seca como papel
Coberta de
lepras e úlceras anelares.
Olho para
as minhas mãos
Como se
estivessem a mil anos de distância
Destacadas
num frasco de formol
Já não me
pertencem e nada podem tocar.
Apenas os
olhos são ainda meus
Como se não
pudessem separar-se de mim
Alimentados
por uma fímbria de luz
Sob uma
tonelada de pálpebras
Vivos num
tédio barbitúrico.
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