LÁBIOS
Ontem à noite
Encontrei na minha boca
Pedaços da tua
Disseste-me:
A minha língua é como uma ostra
E eu disse:
Cultivo pérolas sintáticas
E eles disseram:
O amor é uma imigração clandestina
Em que os corpos se confundem
Pérolas de saliva enrolam-se
Lânguidas como dançarinas
Nos cantos da boca
Recolho-as como estrelas
No palato
Em constelações austrais
Dizem que o amor é desintegração
O contrário de conservação
O caminho para a morte
Mas não a morte
O amor, digo eu, é o pedaço estrangeiro dos teus lábios nos meus
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