ESTÁ UMA MULHER NUA NA CAMA DELA
Pierre-Auguste Renoir, Half-Naked Woman Lying: The Rose, c.1872, Musée d’Orsay, Paris, France. |
Está uma mulher nua na cama dela
As flores pendem em seus pedúnculos
As ervas afeiçoam-se à terra
Os peixes respiram debaixo de água
E todas as outras coisas estão em sua devida ordem
Estamos em maio e os choupos
nem cedo nem tarde
enchem os passeios de algodão
Uma neve dentro e fora de tempo
que flutua a contratempo
Mas tudo está como deveria de ser
Porque tudo é como deve ser
Com o tempo decaem também
as carnes e as argúcias
os ventres e as mamas
os olhos e os ouvidos
os rabos e os diabos
Rangem as articulações
e os pensamentos
Balbuciam-se sonhos
de próteses e narcóticos
E isso é tudo o poderia ser
As mulheres despem-se nos seus quartos
E tudo está como deveria ser
Dormem em seus lençóis lavados
E tudo está como deveria ser
E se por vezes se encostam ao amor
Também isso é apenas o que deveria ser
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