CARTOMANTE
E sete anos de azar
Sete sortes
E a liturgia do jantar
Enrolas os pulsos
E quebraste em palmas
Lambes facas
Arriscas a alma
Trincas romãs
Uivas ao vento
Gozas com isto
Pareces demente
Nem sequer acreditas
Na displicência das flores
No norte magnético
Na migração das cores
Não és capaz de andar
Sem negligências
Só sabes cantar
Inteligências
Talheres de prata
E a liturgia do jantar
Um espelho partido
E sete anos de azar
A vida refratada
Impossível de montar
Procuras teu rosto
Mas não o podes achar
Cada instante uma lâmina
Uma carta a anunciar
Dores e amores
Fáceis de mastigar
Refeição de três pratos
E digestivo a acompanhar
Ternas carnes, ensopados
Em terrinas a bailar
Queijos marados
Filetes de sereia
Presuntos lascados
Café da Coreia
Tabaco de mascar
Tudo o que possas imaginar
A toalha manchada
Te há de fadar
Preditas os sonhos
Na humidade capilar
Um mapa estelar
De inflexões rotulares
Viras as cartas
Para indagares
Acerca do cisne
Que te há de cantar
Reviras os olhos
Num transe obscuro
Ranges os dentes
Apalpas o escuro
Esticas os dedos
Sem apontar
Mesa para um
Vou-me deitar
Comentários
Enviar um comentário