STONER, JOHN WILLIAMS (Tradução Tânia Ganho)
Grande livro. De uma violência extrema (pelo menos para mim isso foi evidente), eximiamente narrado, em surdina, com uma placidez imperturbável.
Uma a uma, perversidades mínimas são infligidas e estoicamente aceites; centímetro a centímetro (que importância pode ter um centímetro?) Stoner é cercado, num assédio que tem tanto de pérfido, como de involuntário e inevitável. Nesse espaço mínimo de resistência, pouco mais do que as costelas, foi capaz de provar o amor e amizade genuínas, e manter a sua paixão.
Lembrou-me, em termos de estilo narrativo, o 'Deserto dos Tártaros', de Dino Buzzati: de uma tristeza infinita, modelado por uma narrativa que, não subindo acima do joelho, é capaz de submergir o monte Ararat, por acção continuada, impossível de conter.
Tanto num caso, como no outro, a lucidez e a contenção põem em evidência o que numa narrativa barulhenta seria atropelado. A pacata tragédia de todas as vidas. Vitórias e derrotas murmuradas.
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