O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo
O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo by Haruki Murakami
My rating: 5 of 5 stars
Foi o primeiro livro de Murakami que li. Segundo dizem, aquele que o catapultou para o estrelato internacional.
O romance segue, apesar de tudo, uma estrutura narrativa clássica: o herói, que vive uma vida pacata, é pela força dos acontecimentos, levado a uma aventura, que atinge um clímax, de onde se desenvencilha por argúcia. Ulisses sempre e de novo. Digo apesar de tudo, porque na realidade trata-se de duas narrativas, que decorrem em mundos muito diferentes e que se desenrolam em paralelo. O leitor é desde início levado a desconfiar que estes dois mundos de alguma forma se relacionam, mas a ligação não é óbvia e é bem resolvida, não redundando numa desilusão, que seria desastrosa.
A principal qualidade do romance, bastante extenso, mas que se lê facilmente, é o seu carácter poético. Talvez este seja uma característica bastante marcada dos escritores japoneses - não sei porque sinceramente conheço pouco para o afirmar. O certo é que ecos deste estilo se tornaram prevalentes, e ainda bem, na literatura contemporânea. Lembro-me, por exemplo, de Valter Hugo Mãe, que também li recentemente: "Homens imprudentemente poéticos" com o seu ambiente nipónico; ou "Contra mim" eminentemente autobiográfico, talvez mais proustiano, mas ainda assim poético. É, contudo, injusto atribuir a Murakami ou a qualquer outro escritor esta influência. Pois é certo que na base de qualquer boa história, seja romance ou conto, tenha 3 ou 600 páginas, está um poema. E isto não é de agora, é de sempre, em toda a boa literatura.
Acrescentar a isto há algumas curiosidades divertidas: publicado em 1985, fala de uma cidade (Tóquio) em diversos sentidos muito avançada, ao estilo cyber-punk, mas onde os protagonistas ainda conseguem pousar coisas em cima de televisões e ouvem cassetes. O livro, claro, nada perde com isto; não um livro de ficção científica ou de fantasia, embora cruze esses dois géneros - valem outros predicados.
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My rating: 5 of 5 stars
Foi o primeiro livro de Murakami que li. Segundo dizem, aquele que o catapultou para o estrelato internacional.
O romance segue, apesar de tudo, uma estrutura narrativa clássica: o herói, que vive uma vida pacata, é pela força dos acontecimentos, levado a uma aventura, que atinge um clímax, de onde se desenvencilha por argúcia. Ulisses sempre e de novo. Digo apesar de tudo, porque na realidade trata-se de duas narrativas, que decorrem em mundos muito diferentes e que se desenrolam em paralelo. O leitor é desde início levado a desconfiar que estes dois mundos de alguma forma se relacionam, mas a ligação não é óbvia e é bem resolvida, não redundando numa desilusão, que seria desastrosa.
A principal qualidade do romance, bastante extenso, mas que se lê facilmente, é o seu carácter poético. Talvez este seja uma característica bastante marcada dos escritores japoneses - não sei porque sinceramente conheço pouco para o afirmar. O certo é que ecos deste estilo se tornaram prevalentes, e ainda bem, na literatura contemporânea. Lembro-me, por exemplo, de Valter Hugo Mãe, que também li recentemente: "Homens imprudentemente poéticos" com o seu ambiente nipónico; ou "Contra mim" eminentemente autobiográfico, talvez mais proustiano, mas ainda assim poético. É, contudo, injusto atribuir a Murakami ou a qualquer outro escritor esta influência. Pois é certo que na base de qualquer boa história, seja romance ou conto, tenha 3 ou 600 páginas, está um poema. E isto não é de agora, é de sempre, em toda a boa literatura.
Acrescentar a isto há algumas curiosidades divertidas: publicado em 1985, fala de uma cidade (Tóquio) em diversos sentidos muito avançada, ao estilo cyber-punk, mas onde os protagonistas ainda conseguem pousar coisas em cima de televisões e ouvem cassetes. O livro, claro, nada perde com isto; não um livro de ficção científica ou de fantasia, embora cruze esses dois géneros - valem outros predicados.
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Adorei a explanação!
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