TEORIA GERAL DA LITERATURA

 



O tempo condiciona a forma:
Num poema tudo é lapidado e polido
Cada verso é como uma lâmina
Que atravessa a compreensão
Atingindo um lugar mais profundo;
Num romance, a sua massa provoca
Um efeito de submissão gravítica
Penetrando o entendimento por infiltração;
Já um conto, não é nem afiado nem pervasivo, deve aturdir
Como um ciclista que passa à tangente
Enquanto olhávamos no sentido contrário
Por rotação, duas ideias díspares encontram-se
Todas estas composições divergem no tempo e na forma
Mas convergem na dependência narrativa
Mesmo um poema, ainda que expresse uma única ideia
Conta uma história. Pois sem movimento e oposição
Seria impossível de conformar uma ideia
Seria o mesmo que desenhar o universo dentro do universo
Teoricamente, seria possível pegar num poema
E aplicando uma matriz de transformação
Transformá-lo num conto e depois num romance
Inversamente obter um poema a partir de um romance
Escrever um poema sobre romances
E um romance sobre poemas
Ter personagens que falam em verso
E versos que falam como personagens
Divertir o leitor com coisas chatas
E chateá-lo com coisas divertidas
Segundo a Teoria Geral de Literatura
As possibilidades são imensas, inesgotáveis
E ao mesmo tempo ínfimas

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