MONARCA
O sol atravessa as asas de uma borboleta monarca como se fossem vitrais de igreja
Não estamos porém na obscuridade de um presbítero
Nem os nossos passos ecoam nos seus tetos altos
O céu é demasiado azul para esse efeito
Nenhum labor precedeu a sua adoração
Apenas inevitabilidade de um ciclo repetido até à exaustão
A sua cor é um aviso, não um disfarce
Acumula e sinaliza toxinas, para que a deixem em paz
Contudo, há sempre a possibilidade do mal
Não há razão para a matarmos
Mas se a prendermos por entre os dedos
Rasgando as suas asas de seda
Somos tingidos pela sua poeira imperial
E isso é tão desnecessário quanto possível
Tão estúpido, como tentador
Somos deus e diabo
Tiranos nas pequenas coisas
Contudo, o mal pós-moderno não é individual
Um indivíduo pode pouco
Mas aquilo que um conjunto de bons cidadãos
Preocupados em cumprir ordens, pode alcançar
Excede a imaginação de uma borboleta
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